sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

numa cidade distante ...


Precisei atravessar um oceano, abandonar seguranças e certezas, amigos e família.  Deixei para trás emprego, casa, travesseiro, língua, lembranças e passados que não passavam. Deixei meus amores, tantos que me deixaram um buraco. Deixei minhas paixões  tolas, que só me fizeram ver que o buraco era eu.

Aqui nessa cidade gelada, verde e cinza, planta e prédio, tantas pessoas de tantos lugares. Aqui onde posso confundir domingo e quinta-feira e gastar minha meias no chão de casa. Onde as horas são minhas e as escolhas também. São tantas as novidades todos os dias, novos rostos para novos começos. Tantas línguas e culturas. Tanta gente e tanta solidão.

O momento que era de fim se fantasiou de começo e me permitiu começar. A vida me chamou, bagunçou meu mundo, virou minha existência de cabeça para baixo, decapitou minha existência. O fim virou começo. E eu me permiti Recomeçar.

Percebo que não importa tanto o que me aconteceu nesses vinte e cinco anos, mas o que eu estava fazendo com o que eventualmente aconteceu. É uma oportunidade assustadora e maravilhosa. Amadurecer não significa estagnar, mas reafirmar – ou reinventar.

Precisei chegar nessa cidade distante para fazer essa descoberta. Levei vinte e cinco anos para me encontrar como pessoa, e talvez leve mais vinte e cinco para achar que entendi todos os significados disso. Mas aí precisaria de outros vinte e cinco para enfim ver que nada tem explicação, e que o interessante na vida não são as respostas, são os enigmas.