Estou perdendo a escrita. Vejo aos poucos as palavras me escapando do formato. Perco os argumentos, os artifícios, as idéias. Restam alguns conjuntos repetitivos de obrigações, quando o teclado me chama os dedos e, automático, escreve algo por mim.
Falo da vida como se fosse um verbo no passado, alguma coisa que costumava ser e hoje só me lembro. Falta tempo, falta apego, faltam laços e sobra essa mania de descrever o sentimentos dos outros que não sabem dizer.
O que houve com o tempo de ser fútil? Cade a leveza?
Eu tenho fobia de linha reta, tenho o corpo livre, o espírito solto. Sou do mundo, das novidades. Vou construindo fatos e lembranças a qualquer momento e lugar.
A vida lá fora gritou e eu não ouvi. Agora me movo a passos curtos, ziguezagueando por entre mudas de flores recentes que querem ser botão.
Eu quero ser flor, quero terra viva que se mova e me faça mover.