domingo, 5 de junho de 2011

felizes os esquecidos...

Percebo o peso das coisas que vivi quando sinto em minha mente a presença de cada vez mais pensamentos aos quais eu não consigo dar vazão. Nunca tive facilidade na hora de traduzí-los em parágrafos e, certas vezes, quando finalmente absorvo um assunto, sou atropelada pela urgência de uma vida que sou obrigada a viver, do abrir ao fechar dos olhos.

Muitas vezes abandonei em branco o texto, pois olhava para dentro de mim e nada via senão a nebulosa sombra do vazio que ainda grita alto.

Desabafar por escrito, mesmo que antes para um destinatário ausente, é confortante, justamente quando não me servem mais as opiniões sinceras. Me ver imperfeita e incapaz, e escrever sobre isso, é o que me impede de desmoronar.

Escrever torna tudo real. E, por isso, as vezes prefiro fugir dos fatos, do futuro, das afirmações lógicas, mas injustas. Tem dores que não devem ser verbalizadas. Tem dias que não devem ser escritos.

Tem um dicionário inteiro de termos não existentes para falar sobre mim. Não sei o que, não sei o motivo, não sei como. Não me importo. Apenas sou, e isso deve bastar.

Todos os sentimentos sinceros só são sinceros pelo tamanho da verdade, e pela vontade de dizer sem motivo e mil vezes.


Musica: Pink Floyd - Take it Back

http://www.youtube.com/watch?v=7LYfUtRSZ5I