Quando não quero mais ser eu, faço uma tatuagem. Mudo o
cabelo, troco de emprego, de amigos, mudo tudo. No fim acabo sobrando de frente
pro espelho e sou eu de novo, um pouco mais colorida, um pouco mais solitária,
bem menos humana e sociável. Eu me volto pras palavras e venero seus encantos,
como se por me descreverem pudessem me bastar. Palavra não faz carinho, palavra não dá colo. É de abraço que eu preciso quando não há mais letra,
tatuagem, tinta, papel, caneta, poesia. Quando não tem mais rima, é de corpo e
conforto que eu preciso.
O tempo, superestimado, não muda nada. Só faz confundir
realidade e passado num borrão sem cor. Eu vivo de acreditar na próxima semana,
minhas esperanças estão no próximo mês. Quando me oferecem um próximo ano e
contam as horas e os segundos pra que ele chegue, eu só quero me cobrir até os
olhos e pedir arrego do mundo. Não me faça encarar toda a responsabilidade de
um novo tempo, não posso admitir que cheguei ao fim do prazo sem cumprir com
meus planos.
Quero todas as fantasias de dezembro, quero a pureza de acreditar numa vida nova. A leveza de esperar um mundo novo no segundo em que 2012 se torna 2013. Tudo novo, tudo limpo, tudo pronto pra ser diferente. Ar fresco, um alívio ou certa angústia. É tempo de ser mais eu, é tempo de me esquecer, de me perder. É tempo de ter mais tempo.
Se um dia desses eu encontrar o que eu procuro talvez eu não precise de palavras. E então eu serei eu, de frente pro espelho, sem medo de ser quem me olha de volta.
Quero todas as fantasias de dezembro, quero a pureza de acreditar numa vida nova. A leveza de esperar um mundo novo no segundo em que 2012 se torna 2013. Tudo novo, tudo limpo, tudo pronto pra ser diferente. Ar fresco, um alívio ou certa angústia. É tempo de ser mais eu, é tempo de me esquecer, de me perder. É tempo de ter mais tempo.
Se um dia desses eu encontrar o que eu procuro talvez eu não precise de palavras. E então eu serei eu, de frente pro espelho, sem medo de ser quem me olha de volta.