domingo, 29 de julho de 2012

23:00


O tempo não corre, flutua pelos minutos num ritmo enlouquecedor de relógio sádico, como se esperasse meu limite pessoal.

As unhas roídas, a insônia, tédio.

A tv ignorada brilha o reflexo na janela contrastando o escuro que toma o resto do quarto. O frio amortece os pés descalços sob o cobertor e a chuva no vidro briga com o volume da televisão. A tv sem publico, as conversas com o cachorro, tédio.

O psiquiatra diz que não é nada, só tédio.

O tédio que me aguarda em cada espaço vazio do dia. O tédio que me segura em cada momento perdido de ocupação.

São onze horas e o ponteiro do relógio faz questão de me lembrar em cada batida.

Tédio. Cinco letras de angústia. Estado de espírito ou substantivo? Não é nada, só tédio.